Uma nova fase.

    Na última segunda-feira, José Maria Marin, o novo presidente da CBF concedeu uma entrevista afirmando que Ricardo Teixeira não era mais presidente da CBF pois havia renunciado o cargo. Estava no poder há 23 anos e justificou que deixou a posse por motivos de saúde. Ao ser informado disto, pensei na profundidade do tema e como explorá-lo. Então resolvi explorar diferentes temas sobre este fato.

*  O legado : Ao longo destes 23 anos, muito se comentou de que ele era corrupto, fazia sonegações fiscais e usava a CBF como um meio de se chegar á minas de dinheiro e ao poder da FIFA. Acusações com um pouco de sentido apesar de nada comprovado. Não nego que eu cansei de criticar o seu trabalho e muitas de suas atitudes. No entanto,  seu trabalho não foi de todo ruim e deixou um legado que poucos esperariam quando ele entrou. Encontrou uma CBF falida, um Brasil afundado em problemas econômicos, um futebol nacional em crise, resquícios ditatoriais e confusões políticas. O início, como era de se esperar, foi conturbado mas com o apoio do então sogro João Havelange foi modificando as coisas. Logo no primeiro ano, o Brasil conquistou a Copa América, título que não vinha desde 1949.Era o primeiro dos mais de 100 títulos que as nossas seleções ganhariam com ele no comando. Aproximadamente cinco por ano. Em 1990, com uma seleção desorganizada e com Lazaroni, um técnico fraco, no comando, não fomos bem na Copa. Há então a substituição por Paulo Roberto Falcão, que começou a mostrar sua fragilidade como treinador. Em 1991, entra Parreira, que também é fraco mas conseguiu trazer a Copa pois o grupo era bastante unido e Romário, chamado de última hora, mordido. Ainda veio a Copa de 2002, três Copas das Confederações e quatro Copa Américas. Aos poucos foi conseguindo tornar a CBF algo lucrativo e que assim, conseguisse organizar o futebol em nossa pátria. Em 1989, cria a Copa do Brasil que caí no gosto popular. Com outros times disputando competições nacionais, começa a retirar clubes do Brasileirão e em 2003 passa para o sistema de pontos-corridos, que importamos da Europa. Deixou, portanto, uma CBF endinheirada, trouxe títulos e deixou o calendário do nosso futebol bem mais prático e racional. Porém, o principal foi ter sido pioneiro na campanha de tentar trazer a Copa pra Brasil. E conseguiu. 

*   Confusões : O Ex-presidente nunca foi uma pessoa muito carismática. E como cargos de grande importância, por natureza, já geram confusões...imagine para uma pessoa fechada e com pouca carisma. Assim como deixou um legado imenso, também deixou confusões á beça. A primeira delas é em 1994 quando é acusado de importar materiais ilegais para os seus restaurantes. Em 1998, é acusado de 13 crimes diferentes incluindo evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Em 1996, o presidente da comissão de arbitragem é acusado de corrupção. Apesar de todas as confusões, o futebol no Brasil crescia a passos lentos. Em 2000, retrocedeu e montou um Brasileirão com 116 times.  Em 2005,  há o escândalo do Corinthians com a MSI e de compras de resultados. O árbitro "comprado" foi banido do futebol mas muita coisa ficou mal explicada. A CBF fechou um contrato com a Kentaro Group, uma empresa que daria cerca de 4 milhões de reais para cada jogo que o  Brasil fizesse com seleções de baixo nível. Será que nenhum centavo foi pro bolso de Teixeira? Vale lembrar que essa mesma empresa teve forte participação na preparação da Copa de 2006, que como todos sabem, foi uma bagunça. No ano passado, incorporou os títulos nacionais anteriores a 1971 ao Campeonato Brasileiro. Bonzinho? Vantagens estando bem com todos clubes? Também no ano passado, muitos desconfiaram de um possível acordo entre Teixeira e Andres Sanchez, provável presidente da CBF em 2015, para o Corinthians ser campeão. As evidências são mínimas mas pode ser. De acordo com a rede britânica BBC, Teixeira e João Havelange teriam recebido cerca de US$ 100 milhões em comissões da empresa de marketing ISL  para ter contratos de direitos de transmissão e anúncios publicitários nos anos 1990. Também se envolveu em confusões com Pelé, Zico, Romário e Ronaldo e nos últimos anos sua relação com Blatter estava enfraquecida. Com Pelé, Zico e Ronaldo, sua relação melhorou mas ainda não é das melhores. Já Romário continua crticando-o e de certo modo, com razão. No seu primeiro dia como presidente, Marin se equivocou e chamou Romário de aliado da CBF. Main estava avoado ou demonstrou não saber o que se passa com a CBF? 

* Futuro : Marin ficará no cargo até 2014 quando terminaria o mandato de Teixeira. Nomes ainda não temos com força mas aposto em Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo e Andres Sanches, presidente do Corinthians. Acredito na vitória do segundo e benefícios para o Corinthians e o futebol paulista como um todo. Sem contar que a CBF deve se mudar para lá, o que traria um rombo econômico ainda maior para o Rio, que vem sendo garfado economicamente há mais de cinquenta anos. Os quatro clubes do Rio também perderiam. Se tiver que mudar, porque não pôr em um local neutro como no Norte?